quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

AO VENCEDOR: AS BATATAS.


Arte inglória a compreensão das pessoas e suas idéias, quando se pensa um pouco além da mediocridade.
Um grande amigo meu indignou-se com a posição de alguém que pregava a volta do regime de força, da ditadura. Entendo profundamente a indignação deste amigo, filósofo e conhecedor da vida, estudioso da vida. Ele enfrentou o regime totalitário e sabe o quanto pernicioso ao desenvolvimento, à vida, é um regime onde a discussão de idéias é feita no coturnaço e na baionetada.
Em outra vez já referi que o Brasil conquistou ser a oitava economia do mundo, mas com a pior concentração de renda do mundo. E isso aconteceu no regime militar. Só isto já basta para reiterar a indignação do meu amigo.
Mas o que me leva a refletir ocorreu e ocorre ainda: é a greve dos professores. Esta classe tão desvalorizada. E que arca com a nobre missão de  educar os filhos da pátria, formar o futuro de nosso País. Sabem eles, estudiosos professores, que o tempo não volta, tempo jogado é tempo corrido.
Mas também sabem eles, e ensinam isso, que a dignidade é um dos preceitos mais importante do ser humano – entendem alguns que a dignidade é até mais importante que a própria vida.
Assim, para mudar uma proposta ilegal e errada da Sra. Governadora, e que já tramitava velozmente na Assembléia Legislativa, tiveram que encetar a greve, vitoriosa, pois retiraram (a Governadora e os Deputados) da Assembléia referido projeto. Enviando outro, nos termos das diretrizes (legalidade) da União.
E assim, restei estupefato ao ouvir um deputado da base governista pregando que os professores, por não terem trabalhado, não merecerem receber seus salários, ou seja, pregando o desconto dos dias parados.
Efetivamente numa primeira impressão parece correto esse discurso fácil, mas, como se disse, devemos ir além da mediocridade. Ora, se o projeto foi retirado e retificado, é porque o ato era ilegal. E os nobres representantes do povo, a Governadora e os Deputados, tinham a obrigação de saber isso. Porém, precisou os professores lhes ensinar novamente a lição da dignidade – talvez esses representantes tenham perdido essa aula.
Portanto, descontar o salário dos professores, nada mais é do que punir quem tem e demonstrou razão. Na minha opinião, se caberia desconto, deveria ser feito de quem tinha a obrigação de fazer o projeto de forma correto, se não o fizeram e causaram prejuízo, deveriam indenizar este prejuízo.
O discurso fácil do Deputado, demonstra a mediocridade que a sociedade ressente pela falta de professores bem remunerados e respeitados em suas cátedras. Propõe ele, “ao vencedor: as batatas”.

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